A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza reuniu no início de outubro, pesquisadores e especialistas de diferentes regiões do Brasil, principalmente do Sul e Sudeste, bem como de outros países, no Seminário Impactos das Mudanças Climáticas sobre Espécies e Ecossistemas: Lacunas de Conhecimento. O evento teve o objetivo de mapear a produção de conhecimento sobre o tema, a fim de identificar lacunas de conhecimento sobre os efeitos das mudanças climáticas na Mata Atlântica e a necessidade de aprofundamento científico na questão.
Este foi o primeiro passo para a implantação de um Polo de Pesquisas sobre Vulnerabilidade e Adaptação de Espécies e Ecossistemas às Mudanças Climáticas na região do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, na divisa do estado do Paraná com São Paulo. O resultado das discussões servirá de base para a estruturação de um edital de apoio a projetos capazes de contribuir para a solução de lacunas de conhecimento identificadas durante o seminário.
Os projetos serão financiados pela Fundação O Boticário e desenvolvidos no Polo que a organização pretende implantar pelo período de pelo menos 10 anos, o qual terá como base inicial a Reserva Natural Salto Morato.
Participam do seminário 37 representantes de ONGs, institutos de pesquisa nacionais, universidades e órgãos ambientais que desenvolvem trabalhos que tenham como foco a Mata Atlântica. Dentre os participantes, está Rainer Fabry, secretário executivo do Centro Integrado para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica (In Bio Veritas); Humberto Ribeiro da Rocha, professor titular do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP); Maria Lucia Lorini, pós-doutora em modelagem espacial em biodiversidade e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Miguel Ângelo Marini, chefe do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília (UnB); e Margareth as Silva Copertino, professora do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e integrante de outras instituições de pesquisa em mudanças climáticas nacionais. Todos com pesquisas de destaque em conservação da natureza e em mudanças climáticas e seus impactos na biodiversidade.
Redução de impactos
De acordo com a diretora executiva da Fundação O Boticário, Malu Nunes, o seminário e o Polo fazem parte de um projeto que tem como objetivo propor práticas de manejo que reduzam os impactos das mudanças climáticas sobre espécies e ecossistemas em áreas prioritárias para a conservação. “Nossa expectativa é de que os resultados de pesquisas executadas no polo possam contribuir para a elaboração de políticas públicas de proteção de áreas naturais, além de serem incorporados no manejo de unidades de conservação. Ao serem incorporados, espera-se reduzir a perda da biodiversidade causada pelas mudanças climáticas na Mata Atlântica”, afirma.
A região do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá foi definida como prioritária para o projeto intitulado Impactos das Mudanças Climáticas sobre a Biodiversidade, que a Fundação O Boticário criou no ano em que celebra seu vigésimo aniversário. A região é considerada um dos maiores berçários de vida marinha do mundo, sendo de grande importância para a conservação de diversas espécies, fazendo parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO e um dos 34 hotspots mundiais. Os hotspots são áreas ameaçadas em mais alto grau, sendo consideradas prioritárias para conservação, com rica biodiversidade – pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas – e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original. A Mata Atlântica e o Cerrado são os dois hotspots brasileiros.
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