Reduzir as emissões de gases de efeito estufa apostando na utilização de energia limpa e com o com metas a partir de inventário. Esse objetivo já é realidade em Santa Catarina, ainda que não existam políticas públicas globais que incentivem tais práticas. A partir dessa realidade, um grupo de integrantes do Fórum Catarinense de Mudanças Climáticas Globais de Santa Catarina visitou, nos dias 11 e 12, duas importantes iniciativas privadas no estado.

A primeira delas é a Celulose Irani, cuja matriz fica em Vargem Bonita, no meio oeste catarinense. A empresa, que caminha para os 70 anos de existência, apostou faz alguns anos na sustentabilidade como carro-chefe de sua atuação e foi uma das pioneiras em inventariar (a partir da metodologia do IPCC) suas emissões e a conquistar o status de empresa Carbono Neutro – retira mais carbono da atmosfera do que emite. Entre as ações que fizeram a Irani alcançar a redução de 77% de suas emissões (de 2006 a 2008) estão a usina de co-geração, implantada em 2005 - a qual utiliza como combustível os restos da madeira que não são aproveitados para a celulose – e a estação de tratamento de efluentes, modernizada em 2007, que devolve água limpa aos rios da região.
Por conta desses dois projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), a Irani foi a primeira empresa brasileira do setor de papel e embalagem e a segunda do mundo a possuir créditos de carbono. Além disso, as áreas florestais de pinus Taeda da Irani em SC são manejadas de acordo com práticas ambientais mundialmente conhecidas e certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Council A C). Soma-se a isso a manutenção de áreas de florestas de araucária, nativas da região.
Já a experiência na solução de um dos graves problemas ambientais do estado – a poluição da economia de suinocultura – foi o destino da caravana no dia 12 de novembro. Os foristas conheceram o trabalho desenvolvido na Granja São Roque, em Videira. A propriedade, tradicional na região há décadas, no início do século estava praticamente inviabilizada pelos danos ambientais. Com uma visão moderna e comprometida com a sociedade e o meio ambiente, os novos proprietários, a Família Paqual, remodelaram a granja, transformando o que antes era um dano irreversível (o dejeto suíno) em biomassa para gerar energia elétrica limpa. Para isso, contam com o apoio de entidades e centros de pesquisa que querem contribuir para o aperfeiçoamento e disseminação desse conceito.
Além da visão ambiental, a propriedade será pioneira na geração de energia distribuída no estado. Venceu leilão promovido pela Celesc Geração realizado no segundo semestre deste ano e a partir de janeiro próximo venderá a energia limpa produzida com biogás dos dejetos suínos para a concessionária estadual. A Celesc, assim, será a segunda companhia do país a adquirir esse tipo de energia. A primeira foi a Copel, do Paraná, que, com apoio da Itaipu Binacional, obteve autorização da Aneel para comercializar a energia elétrica limpa que antes era tratada como lixo e poluía águas e terras do sul do Brasil.
Depois de conhecer essas experiências privadas, os foristas irão apresentar propostas nas Câmaras Temáticas. A intenção é que, depois de amplamente discutidas, elas possam subsidiar o governo do Estado a adotar políticas públicas de incentivo à comercialização de energia limpa, bem como avance na formulação do inventário das emissões de gases poluentes.
Autor: Alessandra Mathyas - IDEAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário