terça-feira, 6 de julho de 2010

Revisão de relatório do IPCC aponta pequenas falhas

Investigação da agência ambiental da Holanda conclui que o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima tem alguns erros, mas nenhum que possa prejudicar as principais conclusões do trabalho de 2007
A revisão financiada pelo governo holandês pondera que algumas partes do sumário deveriam ser “mais transparentes” e o IPCC teria que investir mais no controle de qualidade para evitar erros e deficiências. Além disso as criticas também foram voltadas a ausência dos impactos positivos das mudanças climáticas no sumário para formuladores de políticas, como o aumento da produtividade em alguns países.
“O IPCC entregou um sumário formidável do estado atual de conhecimento”, comentou o diretor da Netherlands Environmental Assessment Agency Maarten Hajer. “Não é perfeito, mas é o melhor que temos, e o que podemos fazer é aprimorá-lo mais”.
As análises da agência foram focadas na contribuição do Grupo de Trabalho II, sobre impactos, adaptação e vulnerabilidade, enfatizando alguns erros e sugerindo maneiras de minimizá-los.
Dentre 32 projeções de impactos regionais, a agência achou apenas um erro, além dos outros dois que já haviam sido revelados, no relatório do IPCC referente ao número de Africanos expostos ao déficit de água causado pelas mudanças climáticas, seriam entre 90-220 milhões ao invés de 75-250 milhões.
Outros erros incluem uma série de referências e títulos de tabelas, além de projeções equivocadas sobre a queda na produtividade de anchovetas.
Criado em 1988 pelos governantes mundiais para reunir informações sobre as mudanças climáticas, o IPCC tem sido alvo de muitas críticas nos últimos meses após algumas falhas terem sido apontadas em seus estudos. O erro mais citado é referente ao derretimento total das geleiras do Himalaia até 2035, o que segundo cientistas é improvável.
O relatório holandês também cita outra falha, corrigindo que na realidade 26% do país fica abaixo do nível do mar e não 55% como dito pelo IPCC. Ironicamente, reportou a Nature, este erro derivou dos dados da própria agência ambiental holandesa.
O IPCC já corrigiu muitos erros em seu site.
Sugestões
No geral, a agência recomenda que o sumário para formadores de políticas tenha duas seções analisando as projeções de impactos regionais sobre a água, alimentos, ecossistemas, regiões costeiras e saúde. A primeira seção descreveria toda a gama de impactos estimados, incluindo as incertezas, impactos positivos e a contribuição de outras áreas importantes como industrias, crescimento populacional e uso da terra.
A segunda seção descreveria os impactos negativos mais importantes, incluindo análises de riscos claramente explicada.
Outras sugestões incluem a criação de um website para a submissão de possíveis erros nos relatórios publicados, fortalecer o embasamento de algumas generalizações, garantir a fundamentação cientifica das declarações de impactos relacionados às mudanças climáticas, contratação de assistentes para o controle de qualidade, entre outras.
Como exemplo da generalização, a agência cita a referência a redução da produtividade na criação de animais (termo utilizado em inglês seria ‘livestock’) na América Latina, o que se baseia em estudos apenas sobre bovinos feitos na Bolívia e Argentina, não tendo embasamento para outros tipos de animais como suínos ou caprinos.
Outras conclusões do IPCC em relação aos impactos das mudanças climáticas na América Latina são apoiadas pela agência holandesa, como a savanização da Amazônia, aumento da produtividade da soja em regiões temperadas e declínio da produtividade em outros cultivos importantes, mudanças no padrão de precipitação e desaparecimento das geleiras
“É claro que nós daremos atenção às recomendações”, comentou o presidente do IPCC Rajendra Pachauri.
No início do ano, o secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-moon pediu ao InterAcademy Council, que representa as academias científicas ao redor do mundo, que fizesse uma revisão do IPCC visando melhorar a sua credibilidade. O relatório deve ser submetido às Nações Unidas no final de agosto.
Autor: Fernanda B. Muller - Fonte: CarbonoBrasil

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