sexta-feira, 22 de junho de 2012

RASCUNHO ZERO

Termina hoje a Rio+20, onde não pude estar presente por motivos profissionais. Estou frustrado por não ter ido? Sim, mas uma frustração secundária. A verdadeira decepção são os resultados da Conferência. Procurei, dentro do possível, acompanhar as notícias pela mídia. Algumas delas me chamaram a atenção. A primeira foi o nome do documento base que seria discutido pelos Chefes de Estado que chegaram a partir da última terça-feira: “Rascunho Zero”! Uma outra notícia, marcadamente negativa foi o número daqueles Chefes presentes ao evento: apenas 94. Neste contexto escuto ontem (21) a informação de que a Presidente (e não Presidenta pra não assassinar a língua portuguesa) Dilma participara de encontro para debater a igualdade de gêneros, enquanto há alguns dias dava um infeliz pronunciamento onde manifestava sua opinião de que as “energias alternativas” são uma balela, ou algo parecido. Trata-se de uma Conferência de Meio Ambiente, e não que o tema da igualdade e do empoderamento feminino não sejam importantes, mas existem muitos outros fóruns para este debate. Vejo hoje (22) que a representante estadunidense chegou apenas agora e que não é seu Presidente e sim a Secretária de Estado Hilary Clinton. Demonstrando, mais uma vez, que o segundo maior poluidor do Planeta não se importa com as questões ambientais. Uma visão predominantemente economicista e equivocada, em minha opinião. Qual o “Futuro que Queremos”? Entre aspas o título do documento final da Rio+20 e eu pergunto pra você que está lendo: Qual? Aqui no Brasil o governo faz um discurso e tem outra prática. Estimula consumo de produtos novos, como é o caso dos veículos “0 KM” que tem os juros bem mais baixos do que os usados. Ou seja, no lugar de “reduzir”, “reaproveitar” e “reciclar”, vamos utilizar mais recursos naturais e gerar mais resíduos. Estimula a venda de motocicletas, com isenção de impostos, mesmo sabendo que é um veículo ainda mais poluidor do que o automóvel e vai na contramão das soluções via transporte coletivo para o trânsito das cidades. Voltando a questão dos Estados Unidos, os brasileiros são os estrangeiros que mais gastam hoje no comércio daquele país. Ou seja, contribuímos com o modelo de desenvolvimento equivocado adotado por eles e depois vamos criticar o quê? O tempo já é mais do que passado para revolucionarmos o modo de produção e implantarmos uma “economia verde” e de “baixo carbono”. Aplicando tecnologias novas como aquelas que permitem aproveitar, por exemplo, 100% dos resíduos gerados nas cidades. Energia Solar, Eólica, Waste Energy, aproveitamento e reuso de águas, construções sustentáveis, são alguns exemplos de setores que poderiam sim, de forma sustentável, colaborar decisivamente para a erradicação da pobreza. Mas infelizmente caminhamos em outro sentido! Reflita e responda para você mesmo: Qual o futuro que queremos? Autor: Jatyr Fritsch Borges

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Publicação lista os desafios que ainda ficaram depois de 20 anos da Rio92

O legado deixado pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92) e os desafios que permanecem desde a sua realização, há 20 anos, é o tema da publicação Rio 92, Para Onde Foi? Rio+20, Para Onde Vai?, lançada hoje (13), em evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O documento traz uma série de entrevistas com especialistas envolvidos nos dois eventos, contendo propostas e ideias sobre questões como o futuro da Amazônia, do Brasil e da América Latina. Um dos colaboradores da publicação, o embaixador aposentado Flávio Perri, que coordenou a Rio92, destacou que o evento de 20 anos atrás garantiu marcos importantes, como a Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ajudaram o mundo a entender o conceito do desenvolvimento sustentável e a definir metas para alcançá-lo. Ele defende, no entanto, que as nações precisam ser “mais ousadas” em suas propostas atuais. “Os marcos da Rio92 tiveram desdobramentos importantes. Hoje, por exemplo, não há condições políticas de se discutir desenvolvimento sem incorporar a sustentabilidade, que significa produzir com qualidade tanto para o homem, tendo em vista sua dignidade, quanto para o planeta, que deve ser poupado de exploração excessiva”, afirmou. “Contudo, por mais ousado que qualquer país tenha sido desde então, terá sido pouco ousado. Precisamos agora de muita ousadia”, alertou. Perri disse, ainda, que a Rio+20 deve ser “visionária” e contribuir para o estabelecimento novos parâmetros de desenvolvimento. “Hoje, medimos o crescimento da economia pelo PIB [Produto Interno Bruto], mas ele é apenas um número desalmado que não traz dados sobre dignidade de vida, se os homens estão sendo atendidos em suas necessidades nesse processo de crescimento, se o modo de organização social está evoluindo para dar maior conforto ao homem sem degradar o meio ambiente”, avaliou. O líder da Iniciativa Amazônia Viva, da organização não governamental WWF, responsável pela publicação, Claudio Maretti, também define os compromissos assumidos na Rio92 como um marco na história do ambientalismo mundial, mas lamenta que as decisões anunciadas à época não tenham contado com uma “implementação adequada”. Maretti destacou ainda que o principal desafio atualmente é alcançar o equilíbrio entre os estoques de recursos naturais e as possibilidades de oferta. “Estamos entrando no cheque especial porque consumimos mais recursos naturais do que a Terra, em seus processos ecológicos, é capaz de recompor. Por isso, é fundamental haver o equilíbrio para garantir qualidade de vida, mas sem entrar em dívida”, observou. A publicação está disponível para download no site da rede ambiental WWF. Fonte: Thais Leitão - Agência Brasil