segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Aquecimento Global: O que você tem a ver com isso?

Mitigar o aquecimento global significa desenvolver ações para diminuir os efeitos das mudanças climáticas. Dentre as recomendações do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Cliimáticas) para a mitigação do aquecimento global estão: (i) o uso de energias renováveis; (ii) a utilização de veículos mais eficientes; (iii) fortalecimento do transporte público em detrimento do transporte individual; (iv) eficiência de aparelhos eletrodomésticos, ar-condicionados e iluminação; (v) redução do desmatamento; (vi) reciclagem e tratamento de esgoto; e (vii) máquinas mais eficientes na indústria.
O Brasil possui uma matriz energética em que as energias renováveis representam 47,3%. Desse total os produtos da cana-de-açucar correspondem a 18,1%, energia hidrelétrica 15,3% e a biomassa 13,9%. Nosso país tem uma grande vantagem em relação aos demais países do mundo que é sua atual matriz energética limpa e o enorme potencial a se explorar de energia eólica, solar e biomassa. O potencial brasileiro de geração de energia elétrica a partir dos ventos é de 272 TWh/ano, isso representa 64% do consumo nacional de energia elétrica. Esse potencial se concentra majoritariamente nas regiões litorâneas. No município de São Francisco de Itabapoana/RJ será isntalada uma usina eólica de 28 MW. Em relação ao Sol, cada metro quadrado do solo brasileiro tem capacidade de 1.500 W de eletricidade. Mesmo com essa riqueza energética as experiências de uso da energia solar fotovoltaica no Brasil estão restritas à regiões isoladas como na Amazônia. A Alemanha é líder mundial em energia solar mesmo com os seus céus nublados. A energia da biomassa, que está além da produção de etanol, é uma outra fonte de energia considerável. A geração de energia a partir de resíduos agroindustriais, esgoto urbano, etc, tem também o importante papel de tratar os dejetos. O processo da biodigestão anaeróbia produz o biogás, gás combustível constituído majoritariamente por metano, que utilizado para fins energéticos ajuda na mitigação do aquecimento global. Além disso, a lenha e o carvão vegetal tem um importante papel em muitas atividades econômicas com grande demanda energética como a siderurgia.
No nosso país a coqueluche energética do momento é sem dúvida o petróleo do pré-sal. Faz sentido falar de energia renovável nesse contexto? Mas é claro que sim. Como brasileiro e cidadão do mundo preocupado com um futuro sustentável tenho a seguinte palavra de ordem: O PRÉ-SAL DEVE FINANCIAR O PRÓ-SOL. Não devemos abrir mão de nossa matriz energética limpa e para aproveitarmos nosso potencial de energia renovável precisamos de investimentos na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias.
Por:Adriano Ferrarez, professor de Física do IFF Campus Itaperuna

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Resíduos industriais são transformados em novos produtos

Cetrel inaugura primeiro centro de inovação e tecnologia ambiental no país para transformação de resíduos. Com a procura pela sustentabilidade industrial, surgem pesquisas direcionados para o mercado preocupado com o meio ambiente. Empresas estão se especializando em tecnologias para melhor aproveitamento de resíduos, priorizando o desperdício zero e aproveitamento máximo para atender as indústrias.
Recentemente foi inaugurado na Bahia o primeiro Centro de Inovação e Tecnologia Ambiental (CITA) brasileiro para transformação de resíduos industriais. No Polo Industrial de Camaçari, a Cetrel, empresa de soluções ambientais para o setor industrial brasileiro, investe na produção de matérias-primas alternativas a partir de resíduos.
No CITA são desenvolvidas várias linhas de pesquisas. Uma delas é a utilização de biocompósitos, materiais produzidos a partir de resíduos industriais. As madeiras plásticas que empregam resíduos sólidos de fibras naturais e resinas são um exemplo de produto dessa linha.
Outro projeto é a recuperação de enxofre com um grau de pureza até cinco vezes maior do que o produto disponível no mercado. A planta-piloto para produção deste elemento deve estar pronta para oferecer o produto ao mercado já no próximo ano.
A recuperação de metais preciosos como ouro, prata, cobre e alumínio encontrados em alguns resíduos descartados pelas empresas, principalmente do setor de tecnologia também está sendo pesquisado. Já há perspectiva para implantação de um projeto piloto no Rio Grande do Sul para que seja instalada no estado uma unidade-piloto, representando uma ação pioneira no país.
No setor de infra-estrutura está o asfalto ecológico, produzido a partir dos resíduos gerados em outros projetos ou em processos industriais das empresas parceiras. Pesquisas também são realizadas para o desenvolvimento de membranas para a adsorção de poluentes gasosos, em apoio as atividades de monitoramento do ar, que a empresa já exerce há 14 anos em Camaçari e, desde o ano passado, em Salvador. A proposta é o paroveitamento de compostos químicos que atuam como contaminantes do ar, a partir da instalação de membranas em fontes de poluição.
Fonte: Elis Jacques.
Disponível em: http://atitudesustentavel.uol.com.br/blog/2011/08/30/residuos-industriais-sao-transformados-em-novos-produtos/

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A COP 17 se aproxima

Com a proximidade da 17ª Conferência das Partes da ONU, sobre Mudanças Climáticas, nós que somos Coordenador da Câmara Temática de Mitigação do Fórum Catarinense de Mudanças Climáticas Globais e representamos Santa Catarina e o Brasil nas COPs 15 na Dinamarca e 16 no México, estamos na expactativa para que se retomem de forma consistente os debates e as ações para conter o Aquecimento Global e, consequentemente, as Mudanças Climáticas. O que importa não são os "Mercados" criados e que, muitas vezes visam somente lucrar com a situação. O que interessa são as Políticas, Planos e projetos que objetivem efetivamente a busca pela chamada "Economia Verde" e "Economia de Baixo Carbono". Infelizmente parece que as preocupações globais tem outro viés, outro sentido e assim caminha a humanidade...
Vejam o que acha do assunto o Portal do Instituto Carbono Zero.
Em 2007, quando Al Gore e o IPCC receberam o prêmio Nobel e o filme “Uma verdade inconveniente” ganhou o Oscar, as mudanças climáticas eram o assunto do momento. Todos queriam saber do que se tratava e se interessavam em debater soluções.
Porém, nos últimos anos, depois de diversas conferências climáticas sem grandes avanços, o movimento para lidar com as emissões de gases do efeito estufa perdeu força.
Além disso, outros assuntos foram ganhando espaço, até por causa das crises econômicas que fizeram que os investimentos e comprometimentos dos países com a questão do aquecimento também enfraquecessem.
Refletindo esse desinteresse da opinião pública sobre as mudanças climáticas, uma pesquisa da Nielsen com 25 mil pessoas de 51 países mostrou que o atual nível de preocupação com o aquecimento global está abaixo do que era em 2007.
O que é perturbador nesse cenário é que se não conseguimos realizar as ações necessárias para conter o aquecimento global quando todo o mundo estava cobrando por isso, o que podemos esperar da próxima conferência do clima (COP 17)?
Não muito aparentemente, já que a grande briga se dará sobre a continuidade do Protocolo de Quioto.
Os países emergentes devem fazer de tudo para que o tratado continue. Enquanto os Estados Unidos, Japão, Canadá e Rússia se negarão a assinar qualquer documento que deixe a China e outros grandes emissores sem metas obrigatórias. No meio dos dois blocos estará a União Europeia, ocupando um papel de moderadora.
Fazer a COP 17 ser bem sucedida será um grande teste para a diplomacia internacional.
Elaborado pelo Blogeuiro.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Nove ações humanas que ameaçam a terra

Falta de oxigênio na água doce, branqueamento de corais nos mares, inclusão de poluentes químicos na cadeia alimentar, esgotamento dos recursos hídricos, diminuição da capacidade dos oceanos de fixar carbono, deslizamentos de terra, queda ou aumento na produtividade de cultivos...
Boa parte desses fenômenos tem sido atribuída ao ciclo do carbono e ao aquecimento global. Mas, há alguns anos, cientistas vêm defendendo que a estabilidade característica do período Holoceno (os últimos 10 mil anos), que permitiu o desenvolvimento da humanidade, depende de vários sistemas interconectados - além do ciclo do carbono - que o homem também modifica. São as "fronteiras planetárias", segundo definição de Johan Rockström, do Stockholm Resilience Centre, na Suécia.
Fronteiras. Rockström e colegas de diversas especialidades estabeleceram nove "fronteiras" de atuação humana: perda de biodiversidade, lançamento de aerossol na atmosfera, poluição química, mudança climática, acidificação dos oceanos, redução da camada de ozônio, ciclos do nitrogênio e do fósforo, consumo global de água e mudança no uso do solo. Para seis delas, os cientistas sugerem limites de intervenção e concluem que, em três dessas fronteiras, nós já ultrapassamos os limites: perda de biodiversidade, ciclo do nitrogênio e mudança climática.
"As fronteiras definem os limites seguros para a ação humana e estão associadas aos processos e subsistemas biofísicos do planeta", afirma o cientista. Seu artigo A safe operating space for humanity ("Um espaço operacional seguro para a humanidade", em tradução livre), foi tema de um evento no mês passado na University College London, na Grã-Bretanha, às vésperas da 17.ª COP, em Durban, África do Sul.
"Estamos em um momento importante para o mapeamento das vulnerabilidades do planeta. Mas, em alguns casos, não sabemos nem mesmo quais são elas", afirma o pesquisador Gilvan Sampaio, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Por mais que tentemos encarar esses limites de forma única, eles estão entrelaçados. Se aumenta a quantidade de carbono na atmosfera, provocando aquecimento, interfere-se na permanência das florestas e na manutenção dos recursos hídricos", exemplifica Lúcio Bede, biólogo e membro da Conservação Internacional (CI).
Uma outra fronteira problemática é a do ciclo do nitrogênio, muito utilizado na formulação de fertilizantes agrícolas. "O que a planta não absorve vai ser oxidado ou reduzido até chegar ao N2 (nitrogênio em estado gasoso) que vai para a atmosfera. O problema é quando essas reações não se fecham em N2, mas em formas mais reativas, que são os óxidos nitrosos, gases com potencial de causar efeito estufa maior até que o do CO2", explica Fabrício Butierres, engenheiro químico e professor da Universidade Federal do Rio Grande.
"O nitrogênio em forma de nitrito ou amoniacal vai para as águas e causa eutrofização (falta de oxigênio), provocando perda de biodiversidade", diz.
Conhecimento empírico. A constatação dessas conexões entre as fronteiras levou Rockström e seus colegas a estipular limites para as operações humanas. Mas, em alguns casos, segundo especialistas, esses limites não se aplicam.
"Os limites usados são medidas únicas. Mas poluição química é outra coisa: existem inúmeros tipos de poluentes", explica Márcia Caruso Bicego, professora do Instituto Oceanográfico da USP, especialista em oceanografia química. "Muitos efeitos dos poluentes nós conhecemos pelas catástrofes: todo mundo sabe o que o mercúrio provoca, por causa do acidente de Minamata, no Japão. Todo mundo sabe o que acontece se alguém ingerir uma cápsula de césio-137, porque uma menininha em Goiás fez isso", explica ela.

PERDA DE HÁBITAT, POLUIÇÃO E EXÓTICAS
A extinção de espécies é natural e aconteceria mesmo sem a intervenção humana. Mas está ocorrendo de forma acelerada: a taxa de extinção está entre cem e mil vezes maior do que seria natural. Os vilões são a perda de hábitat, a poluição e as espécies exóticas. Hoje, estão ameaçados de extinção 25% dos mamíferos, 12% das aves, 25% dos répteis, 20% dos anfíbios, 30% dos peixes e 12,5% das plantas.
Limites propostos: O estudo propõe uma taxa de extinção de até 10 espécies por milhão ao ano. Atualmente, perdemos mais de cem.

CHUVA ÁCIDA, EFEITO ESTUFA E MORTANDADE
O excesso de nitrogênio tem desdobramentos como aumentar a quantidade de nutrientes nas águas doces (provocando morte dos organismos). Sua interação com o oxigênio forma os óxidos de nitrogênio, que aumentam o efeito estufa. Reagindo com o hidrogênio, induz a ocorrência de chuva ácida, que pode corroer estruturas de metal e concreto nas cidades e interferir nos cultivos agrícolas no campo.
Limites propostos: Sugere-se a retirada de 35 milhões de ton/ano de N2 da atmosfera para uso humano. Hoje são retiradas 121 milhões ton/ano.

FOGO E DESMATAMENTO GERAM VULNERABILIDADE
O Protocolo de Kyoto não considera emissões oriundas de queima de biomassa, somente aquelas derivadas de processos industriais. Mas, no Brasil, cerca de 75% das emissões são derivadas de queimadas e desmatamento. Esse tipo de emissão modifica o clima local e as características da vegetação "de contato", aquela que restou nos arredores do que foi retirado. Ela fica mais suscetível a incêndios.
Limites propostos: Hoje as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera são de 387 partes por milhão (ppm). O estudo propõe 350 ppm.

MARES MAIS ÁCIDOS PREJUDICAM CORAIS
A acidificação dos oceanos é um processo que vem se acentuando conforme aumenta a concentração de carbono na atmosfera. Quando o CO2 se dissolve na água do mar, ele forma o ácido carbônico, tornando a água mais corrosiva. Quem mais sofre com a acidificação são os organismos como corais, moluscos e conchas.
Limites propostos: Os cientistas sugerem que o nível de saturação de aragonita (forma cristalina do carbonato de cálcio) na superfície do mar seja de 2,75. Hoje é de 2,9.

FALTA DE OZÔNIO PODE ESTAR EVITANDO DEGELO
A principal causa da destruição é o uso de produtos químicos presentes em aerossóis, geladeiras e extintores de incêndio. É a camada de ozônio que protege os seres vivos dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta. Porém, segundo estudos recentes, a ausência de ozônio sobre a Antártica pode estar ajudando a retardar o derretimento do gelo, pois a coluna atmosférica sobre a região absorve menos radiação.
Limites propostos: A redução da camada de ozônio não deve ultrapassar as 276 unidades Dobson (menor unidade de medida usada nas pesquisas sobre ozônio). Hoje é de 283.

BIODIVERSIDADE GARANTE ÁGUA POTÁVEL
As matas ciliares são as grandes responsáveis pela qualidade da água potável do mundo. Estima-se em 1,35 milhão de km3 o volume total de água na Terra. Desse total, 2,5% é de água doce, mas que se encontra em geleiras ou aquíferos de difícil acesso. E 0,007% é de água doce encontrada em rios, lagos e na atmosfera, que representa o que podemos realmente usar.

Limites propostos: Calcula-se que a humanidade use hoje cerca de 2,6 mil km3 de água por ano. O estudo propõe um teto de 4 mil km3/ano.

PARTÍCULAS DE AEROSSOL AFETAM CHUVAS

A quantidade de aerossol na atmosfera (partículas suspensas oriundas das atividades humanas e dos processos naturais) afeta diretamente a ocorrência de chuvas. O excesso de aerossol diminui a incidência pluviométrica e faz as gotas de chuva ficarem menores, às vezes evaporando antes de chegar ao chão. Os processos naturais de geração do aerossol estão associados com a ação do vento no solo e nas rochas, no mar, e ainda com vulcões e queimadas.
Limites propostos: Não há limites mínimos ou máximos de aerossol na atmosfera.

FLORESTA VIRA LAVOURA E CASA OCUPA MORRO
Algumas das consequências do uso equivocado do solo são bem conhecidas: deslizamentos e tragédias. A ocupação de topos de morro e regiões costeiras suscetíveis à erosão facilitam a ocorrência de acidentes na época de chuva. A mais impactante faceta dessa "fronteira" é a transformação de florestas em pastagens e áreas agrícolas, com o uso de fertilizantes e pesticidas.
Limites propostos: O limite sugerido para transformação da superfície terrestre em áreas cultivadas é de 15%. Hoje, já transformamos 11,7%.
(Fonte: Karina Ninni - O Estado de S.Paulo - Colaborou Alexandre Gonçalves)