quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo - cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia,se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens?passa telegramas?) Não precisafazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa,justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome,você, meu caro, tem de merecê-lo,tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre. Receita de ano novo (Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Veja a charge

Copie e cole:
http://charges.uol.com.br/2009/12/10/obama-e-hu-jintao-pode-vir-quente-que-eu-estou-fervendo/

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Brasil fez mais do que esperavam na COP-15, diz Lula


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (21) que o Brasil “fez mais do que qualquer um esperava” na Conferência do Clima de Copenhague (COP-15), que terminou no sábado (19). Segundo Lula, um dos aspectos que contribuíram para a falta de um acordo formal na conferência foram os pontos sugeridos pelos países ricos de redução dos valores no fundo de ajuda aos países pobres, a verificação dos limites para redução de emissão de CO2 e a intenção de considerar a China como país desenvolvido.
Além disso, segundo Lula, a Bolívia e a Venezuela se retiraram do evento e deixaram seus delegados para votar contra a proposta dos países em desenvolvimento. “Se a gente tivesse negociado um mês antes, teríamos feito um acordo. Fizemos o melhor projeto, mas os países não evoluíram porque estavam reféns da proposta americana”, comentou.
Lula reclamou dos valores que serão dados pelos países ricos ao fundo de ajuda aos países pobres. “Quando vemos que os países ricos estão dispostos a dar US$ 10 bilhões até 2020, pensamos que é muito. Se for calcular, dá menos de US$ 330 milhões para cada um. E os países ricos achavam que estavam fazendo um gesto magnânimo aos pobres”, disse.
“Queremos que os governos assumam a responsabilidade de dar dinheiro com o aval do Tesouro. Se o mercado quiser contribuir é lucro”, completou.
O presidente disse esperar que no encontro do México, no ano que vem, um acordo seja fechado. “Desde que cada país continue empenhado nesse objetivo”, afirmou.
(Fonte: Priscilla Mazenotti - Agência Brasil )

Mesmo sem unanimidade, ONU “toma nota” do Acordo de Copenhague


Terminou oficialmente neste sábado, 19 de dezembro, a 15a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que teve como principal resultado o “Acordo de Copenhague”, elaborado por um alguns países na noite de sexta-feira e formalmente aceito pela ONU.

Sem aprovação unânime, o acordo terá como anexo uma lista de países contrários a ele. A iniciativa de “tomar nota” foi a saída encontrada para que o documento tenha status legal suficiente e seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes.
Segundo o jornal dinamarquês ‘Berlingske”, o presidente COP15, primeiro-ministro dinamarquês Lars Løkke Rasmussen, está satisfeito com desfecho. “Temos conseguido resultados. Agora, as nações terão que assinar o acordo, e se o fizerem, o que foi acordado terá efeito imediato”, destacou.
O otimismo do primeiro-ministro dinarmaquês não é o mesmo de muitos líderes. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já na tarde da sexta-feira, 18/12, havia anunciado sua frustração com a conferência do clima. “Se a gente não conseguiu fazer até agora esse documento, eu não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora”, alertou o presidente brasileiro.
Já para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que nos momentos finais chefiou a delegação brasileira, o acordo é insuficiente para que os países, principalmente os mais pobres, tenham condições de agir de forma efetiva.
De acordo com o texto, os países ricos se comprometeram a doar US$ 30 bilhões, nos próximos três anos, para um fundo de luta contra o aquecimento global. O acordo prevê US$ 100 bilhões por ano, em 2020. "Isso aqui é insuficiente, vamos continuar a luta pelo planeta", disse Minc.
O ministro Carlos Minc ressaltou que esse valor que será colocado no fundo até 2012 -US$ 10 bilhões por ano - é menos do que o Brasil vai gastar para atingir sua meta voluntária de reduzir em até 39% das emissões de gases de efeitos estudo, até 2020.
Ele explicou que para atingir sua meta, o Brasil vai gastar US$ 16 bilhões por ano. "Esse valor de US$ 30 bilhões para todos é menos do que o Brasil sozinho vai gastar para cumprir as nossas metas, aprovadas pelo nosso parlamento", destacou Minc.
O documento diz ainda que os países desenvolvidos se comprometeram em cortar 80% de suas emissões até 2050. Já para 2020, eles apresentaram uma proposta de reduzir até 20% das emissões, o que está abaixo do recomendado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que sugere uma redução entre 25% e 40% até 2020.
Para a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e membro do IPCC, Suzana Kahn, o resultado da COP15 foi decepcionante, uma vez que os chefes de estado discutiram mais a questão econômica das nações ricas e emergentes e se esqueceram daqueles que vão sofrer dramaticamente os efeitos da mudança climáticas.
"Existem muitos países africanos, por exemplo, que irão sofrer demais com o aumento da temperatura. No entanto, parece que a discussão tomou um viés econômico e político, o que eu acho muito preocupante. A questão climática ultrapassa a fronteira ambiental. É uma questão de desenvolvimento, de justiça, de equidade", afirmou Suzana Kahn.

Principais pontos do Acordo de Copenhague:
- O acordo é de caráter não vinculativo, mas uma proposta adjunta ao acordo pede para que seja fixado um acordo legalmente vinculante até o fim do próximo ano.
- Considera o aumento limite de temperatura de dois graus Celsius, porém não especifica qual deve ser o corte de emissões necessário para alcançar essa meta
- Estabelece uma contribuição anual de US$ 10 bilhões entre 2010 e 2012 para que os países mais vulneráveis façam frente aos efeitos da mudança climática, e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020 para a mitigação e adaptação. Parte do dinheiro, US$ 25,2 bilhões, virá de EUA, UE e Japão. Pela proposta apresentada, os EUA vão contribuir com US$ 3,6 bilhões no período de três anos, 2010-12. No mesmo período, o Japão vai contribuir com US$ 11 bilhões e a União Europeia com US$ 10,6 bilhões.
- O texto do acordo também estabelece que os países deverão providenciar "informações nacionais" sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, por meio de "consultas internacionais e análises feitas sob padrões claramente definidos".
- O texto diz: "Os países desenvolvidos deverão promover de maneira adequada (...) recursos financeiros , tecnologia e capacitação para que se implemente a adaptação dos países em desenvolvimento"
- Detalhes dos planos de mitigação estão em dois anexos do Acordo de Copenhague, um com os objetivos do mundo desenvolvido e outro com os compromissos voluntários de importantes países em desenvolvimento, como o Brasil.
- O acordo "reconhece a importância de reduzir as emissões produzidas pelo desmatamento e degradação das florestas" -REED- e concorda em promover "incentivos positivos" para financiar tais ações com recursos do mundo desenvolvido.
- Mercado de Carbono: "Decidimos seguir vários enfoques, incluindo as oportunidades de usar os mercados para melhorar a relação custo-rendimento e para promover ações de mitigação.
site:http://www.cop15brazil.gov.br
Leia aqui o documento acreditado pela CoP 15:
http://unfccc.int/files/meetings/cop_15/application/pdf/cop15_cph_auv.pdf

Cúpula de Copenhague foi retrocesso para o Deutsche Welle


Cúpula de Copenhague foi retrocesso no combate às alterações climáticas, e a acabou com esperança de negociações eficazes. Participantes poderiam ter se poupado a viagem, opina analista da Deutsche Welle.

As coisas ficaram bastante dramáticas há quase exatamente dois anos atrás, na conferência do clima de Bali. Ao fim, apresentou-se o cronograma para um novo acordo sobre o clima, o qual deveria ser assinado em dezembro de 2009, em Copenhague. Esse era o plano. Porém já dois meses antes do encontro na metrópole dinamarquesa estava claro: não haveria tal acordo.
Para ainda salvar alguma coisa, cada vez mais chefes de Estado e de governo de todo o mundo decidiram ir a Copenhague. E assim a COP 15 – como ficou conhecida a conferência no jargão das Nações Unidas – transformou-se numa cúpula mundial, uma conferência gigantesca, que em parte ameaçava sufocar sob suas próprias circunstâncias caóticas.
Em vista do resultado final, é preciso dizer: eles podiam ter se poupado essa viagem.
Acordo "sem precedentes"
Copenhague foi uma conferência singular. Todos, realmente todos estavam de acordo: precisamos fazer algo contra a mudança climática global. A meta dos dois graus centígrados foi repetidamente mencionada: a atmosfera não pode se aquecer mais do que isso nas próximas décadas, se ainda quisermos ter sob controle as consequências da alteração do clima. Mas, no momento em que as coisas precisavam ficar concretas, aí tudo ficou difícil.
Os chineses não querem fiscais em seu país; os europeus não querem elevar suas metas de redução de dióxido de carbono (CO2); os norte-americanos não querem avançar demais. Os africanos queriam muito mais dinheiro, mas têm um problema em prometer transparência quanto à forma como ele será gasto. No fim, a ameaça era de impasse total.
Para não voltar para casa de mãos vazias, concordou-se quanto a um mirrado documento, o que mesmo assim bastou para que o presidente dos EUA, Barack Obama, denominasse o consenso de "sem precedentes". E, no entanto, as três páginas é que são de uma insuficiência sem precedentes. De comprometimento, nem sombra. No fim, para salvar o encontro do fiasco total, só mesmo apelando para truques.
Não só o clima esteve em questão
O resultado do encontro em Copenhague irá aprofundar o fosso entre Norte e Sul. Conferências como essa são uma oportunidade ímpar para as nações em desenvolvimento exporem seus problemas aos olhos da opinião pública mundial. Foi o que elas fizeram aqui, com uma autoconfiança de impor respeito.
Pois, na realidade, as questões no centro de conferências Bella Center iam além do clima. Tratava-se também de futuras partilhas de poder, de segurança e estabilidade no mundo. Nos 70 mil metros quadrados do centro de convenções, puderam-se ver os problemas deste planeta como que através de uma lupa.
Para Obama, Copenhague não é, definitivamente, um bom endereço. Há algumas semanas, ele fracassou aqui com a candidatura de Chicago a sede dos Jogos Olímpicos. Agora, ele veio como grande esperança dos paladinos do clima – e fracassou novamente. Seu discurso foi bom; mas outros, como o do presidente brasileiro, Lula, foram melhores. Seu engajamento foi bom; mas, justamente, não bom o suficiente. De liderança, viu-se pouco.
Quo vadis, clima?
Mas o que será da política climática daqui para diante? Em Copenhague destruiu-se de novo muito da tão penosamente conquistada confiança entre as nações industrializadas e as em desenvolvimento. Só há uma única chance: os países ricos – e, afinal, são eles que emitem a maior parte dos gases-estufa – precisam se colocar na vanguarda do movimento, e deixar de ficar impondo condições aos outros. Eles não podem só continuar sempre falando na divisão dos encargos: têm também que praticá-la.
Em Copenhague desperdiçou-se uma oportunidade tremenda. A comunidade internacional poderia ter mostrado que está apta para agir. Poderia ter sido estabelecido uma matriz para os muitos outros problemas que há por solucionar – como o combate à pobreza, por exemplo.
Nas últimas décadas, a política climática só se moveu alguns poucos milímetros para a frente – Copenhague a lançou metros para trás. É certo que o Protocolo de Kyoto ainda não está morto. Porém, após as experiências dos últimos dias, o êxito alcançado em 1997 na conferência da cidade japonesa não parece mais possível no próximo ano. A esperança morreu em Copenhague.
Autor: Henrik Böhme
Revisão: Roselaine Wandscheer

RELATÓRIO COP-15 – Copenhague 2009


Durante os cinco dias que estiveram presentes na 15ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (United Nations Framework Convention on Climate Change - UNFCCC) no Centro de Convenções Bella Center em Copenhague,os representantes da delegação brasileira e servidores da SDS, Silvio César dos Santos Rosa, Diretor de Saneamento e Meio Ambiente e Jatyr Fritsch Borges, Coordenador de Mudanças Climáticas, participaram de Plenárias, reuniões de Grupos de Trabalho e Apresentações/Palestras no Espaço Brasil, onde foram tratadas diversas temáticas relacionadas a Redução de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa - GEE, Modelo de Desenvolvimento Limpo – MDL, Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação – REED (e assuntos relacionados, financiamento ao desenvolvimento de Energias Alternativas, Ações de Proteção à Biodiversidade, Áreas de Conservação e Florestas em Geral, Recursos Hídricos, p.ex.), A grande circulação de Representantes das Partes (como os nossos servidores) e de ONGs de todo mundo ditava o ritmo alucinante dos acontecimentos e das negociações.

Ao contrário do que a mídia especula, os grandes debates ocorrem em virtude da necessidade de financiamento dos países desenvolvidos aos em desenvolvimento, para que estes possam adotar as medidas necessárias para uma economia verde (de baixo

Neste sentido, é cada vez mais forte o argumento da participação antrópica nas mudanças do clima, ao contrário do que alguns poucos ainda contestam. Reafirma-se assim a eminente e indispensável mudança de paradigma da sociedade contemporânea em direção da economia ambientalmente responsável, haja vista que as futuras gerações não podem pagar a conta de nossa irresponsabilidade.

As conferências anuais ocorrem desde 1994, quando foi assinado o Protocolo de Quioto, cujas metas de redução são previstas até 2012. Os percentuais considerados suficientes àquela época, eram de 5,2 %. Hoje já se considera que estes números devem ficar entre 40 e 60 %, para que o aumento da temperatura não supere 20 C em 2050. Mas as medidas já estão sendo tomadas tardiamente, não podendo ser perdida a oportunidade histórica de discutir novos padrões de produção e consumo.
A crise financeira mundial iniciada em 2008, em virtude de uma chamada “bolha especulativa imobiliária” que acabou por afetar todo o planeta, fortalece as discussões e faz incorporar o viés ambiental de forma contundente nas discussões econômicas. E a verdade é que são as questões econômicas que irão nortear, por fim, as decisões da COP-15, que ocorrerão nos dias 17 e 18 de dezembro.
O Brasil que faz parte do G77 + China e não consta do Anexo I do Protocolo de Quito, defende que as responsabilidades compartilhadas, mas diferenciadas, em função da quantidade de emissões já realizadas desde a Revolução Industrial, ou seja, os países desenvolvidos precisam financiar as medidas necessárias às mitigações e adaptações dos países em desenvolvimento. Que os países desenvolvidos canalizem recursos em forma de transferências diretas unilaterais de fundos públicos, e a comercialização nos mercados global, regional e nacional de créditos de carbono. Mas todos devem dar sua contribuição proporcional a estas emissões, sob pena de inviabilizar a salvação do planeta.

Relatório encomendado pelo Programa da ONU ara o Meio Ambiente, intitulado “Green Jobs: Towards decent work in a sustainable, low-carbon world”, prevê a geração de mais de 20 milhões de empregos até 2030, só para o desenvolvimento de alternativas limpas de energia. Este é o caminho para o Brasil, investimentos numa economia verde, de baixo carbono, pautado nas energias renováveis e preservação ambiental, visto que o país pode e deve assumir a vanguarda deste novo modelo de desenvolvimento global, pois, temos o maior potencial de exploração sustentável dos recursos naturais e nossa matriz é uma das mais limpas do mundo.

Nossas emissões são compostas de 75 % referentes ao desmatamento e mudança de uso do solo e esta realidade deve ser enfrentada, tendo em conta que é preciso criar mecanismos que tornem a floresta mais valiosa em pé do que no chão e, para isto o REED e os fundos como o Amazônia, são de grande importância. Segundo Luciano Coutinho, Presidente do BNDES, apesar de não ser fácil, é possível sim o Brasil buscar o desmatamento zero, mas, enquanto empreendemos esta tarefa, o mundo industrializado despende trilhões de dólares para reconfigurar sua matriz industrial num processo que consome enormes esforços em ciência e tecnologia. Se nosso país se limitar ao controle do desmatamento e não implementar políticas firmes de investimentos na economia sustentável e limpa, corremos o risco de aumentar a defasagem tecnológica e a oportunidade de liderar a nova arquitetura econômica global com base no “low-carbon” e em mercados verdes.
O Relatório Brundtland, redigido pela ex-primeira-ministra da Noruega e Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, Gro Brundtland, denominado “Nosso Futuro Comum”, segundo o qual sustentabilidade é o “desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras atenderem às suas necessidades”, encerra uma grande interdependência entre economia e ética. E são posicionamentos éticos que definirão os rumos do Planeta pós Quioto, como resultado das decisões de Copenhague, legítimo fórum da diplomacia internacional.
Novamente Coutinho considera que a responsabilidade do homem aumentou na exata medida de sua capacidade de modificar a natureza e, este poder de afetar os rumos do planeta, a responsabilidade de ação e do saber de cada indivíduo assume importância fundamental.

Para termos noção do tamanho da questão, segundo o Relatório Stern, o custo da inação, isto é, de não se tomarem medidas urgentes, poderá variar de 5 a 20 % do PIB mundial por ano, enquanto o custo de enfrentar imediatamente o problema deverá ficar em torno de 1 % do PIB. Do ponto de vista ético o caso é ainda mais sério, as mudanças climáticas afetarão os elementos básicos da vida no planeta: acesso à água, produção de alimentos, saúde e meio ambiente. Aqui os impactos podem vir na forma de savanização da Floresta Amazônica, redução de chuvas e conseqüente redução nos níveis dos reservatórios e do potencial de geração de hidroeletricidade, de áreas agriculturáveis. Aumento de desastres naturais e desertificação no Nordeste.
Enfim, chegamos à conclusão de que os governos locais têm papel fundamental no enfrentamento das mudanças climáticas, pois, são o próprio local onde as pessoas vivem e precisam responder instantaneamente aos efeitos sócio-econômicos destas mudanças. Santa Catarina precisa regulamentar sua Política Estadual de Mudanças Climáticas, elaborar seu Plano e seus Inventários de Emissões, que basearão as ações e programas na direção de possibilitar o Estado em se transformar num lugar realmente de Desenvolvimento Sustentável.
A experiência de conhecer países (Suécia e Dinamarca) cujas sociedades estão entre as mais evoluídas da Terra, cujas pessoas andam muito mais de bicicleta do que de carro, onde o transporte público é de nível invejável (ônibus e trem são todos elétricos e/ou à gás) e, para onde se olha encontra-se estruturas de capitação dos ventos e geração de energia eólica, faz-nos pensar que é possível sim, mudar a relação com a natureza. Este deve ser o desafio da SDS e o desafio de cada um de nós.
Fonte: Jatyr F. Borges

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Representantes Catarinenses na COP-15 Copenhague




Secretaria representada na COP 15
11 de dezembro de 2009



Os representantes da SDS, Silvio César dos Santos Rosa, Diretor de Saneamento e Meio Ambiente e Jatyr F. Borges, Coordenador de Mudanças Climáticas, têm circulado pelo Bella Center, em Copenhague, acompanhando as discussões sobre o que é necessário fazer para que o Planeta não sofra maiores consequências com o aquecimento global.

No evento, que contou com mais de 30 mil pessoas na abertura e delegações de mais de 190 países, os debates acontecem diariamente e as ONGs fazem suas manifestações, quase sempre cobrando dos países ricos que financiem as medidas necessárias para as adaptações dos países menos favorecidos, o que o Brasil também defende. E os principais debates ocorrem exatamente neste sentido, a necessidade dos países industrializados assumirem sua responsabilidade nas emissões de Gases de Efeito Estufa, desde a revolução industrial, e apoiarem as economias emergentes com transferência de recursos e tecnologias. Nossos representantes, que retornam no próximo domingo, prometem manter-nos informados sobre os acontecimentos neste que é considerado o maior evento mundial de 2009. Texto: Jatyr F. Borges

Carne de Gado condenada!


Metade das emissões de gases-estufa do Brasil vem da pecuária, diz estudo
‘Pegada de carbono’ da carne bovina foi calculada pela 1ª vez.
CO2 emitido por kg custa mais que a própria carne, comenta pesquisador.
Frigorífico pode fazer mais dinheiro vendendo redução de carbono do que vendendo a própria carne"
A pecuária emite metade dos gases causadores do efeito estufa liberados pelo Brasil a cada ano. ( Clique aqui para entender a relação entre os gases-estufa e o aquecimento global.)
Além disso, implantação de novas pastagens abocanha três quartos da área desmatada na Amazônia e 56,5% no Cerrado.
Resultado de cinco meses de trabalho, os números, inéditos, são de estudo coordenado por Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
Os principais dados da pesquisa, cuja íntegra ainda será publicada em revista científica internacional, foram divulgados nesta quinta-feira (10) e serão apresentados em duas reuniões sábado (12) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP 15 . Os autores (ao todo, dez especialistas) ressaltam que suas conclusões “não representam necessariamente” a posição das instituições em que atuam.
Ricardo Muniz Do G1, em São Paulo

Lula sanciona fundo para combater mudanças climáticas

Recursos serão empregados prioritariamente em regiões mais vulneráveis, como o nordeste brasileiro e em áreas do litoral
A lei de criação do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC), que contará com recursos de até R$ 1 bilhão por ano oriundos dos royalties do petróleo do pré-sal, foi sancionada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O fundo criado para combater as emissões de gases causadores do efeito estufa entrou em vigor hoje com sua publicação no Diário Oficial da União.
De acordo com a lei, o fundo contará ainda, entre outras fontes, com dinheiro do Orçamento da União; recursos decorrentes de acordos e convênios com órgãos da administração pública federal, estadual ou municipal; doações e empréstimos feitos por entidades nacionais e internacionais; e recursos provenientes de juros e amortizações de financiamentos.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, os recursos serão empregados prioritariamente no combate aos efeitos das mudanças climáticas em regiões mais vulneráveis, como o nordeste brasileiro, por causa da escassez de água, e em áreas do litoral, que podem ser invadidas pelo mar como consequência do derretimento de geleiras pelo aquecimento global.
AE

COP-15: Brasil pode travar proposta

A proposta de um mecanismo para financiar a proteção das florestas pode ser travado pelo país que mais seria beneficiado, o Brasil.
A aprovação do chamado REDD (redução das emissões por desmatamento e degradação das florestas) sempre foi considerada uma das poucas certezas desta COP15. No entanto, o Brasil exige que o dinheiro para estimular a conservação das florestas seja apenas um dos capítulos de um acordo maior, com mais dinheiro para adaptação dos países em desenvolvimento.
– Vínhamos muito bem até agora. Mas não haverá um acerto de REDD sem um acerto global, afirma o embaixador extraordinário para mudanças climáticas Sérgio Serra.
Pelos acordos internacionais que existem até agora, não há nenhuma previsão de recursos para as florestas. A vegetação é considerada um grande cofre de carbono e sua derrubada libera enormes quantidades de poluentes na atmosfera. Já é consenso que a convenção da ONU sobre mudanças climáticas deve prever ajuda para o setor. Tendo em vista o tamanho da floresta Amazônica, o Brasil seria o país com mais acesso aos recursos. O destino final do dinheiro seriam as comunidades que vivem nas florestas. Um projeto piloto que já existe no estado do Amazonas oferece cerca de 50 reais por família, por exemplo.No entanto, é grande a polêmica aqui em Copenhague sobre o que os países desenvolvidos deveriam receber em troca por essa contribuição (cuja soma não está clara ainda).
Há os mais pragmáticos, que defendem mecanismos de mercado. Países ricos ganhariam créditos de carbono. Com esse incentivo, mais dinheiro entraria no sistema.
E há a posição brasileira, defendida há anos. O envio de recursos precisa ser voluntário. Um dos receios do governo é que com tanta floresta disponível para entrar no mercado, os preços cairiam demais, inviabilizando o sistema.
Nesta quarta-feira o BNDES anunciou em Copenhague os cinco primeiros projetos de preservação que receberão dinheiro do Fundo Amazônia (que por enquanto tem apenas dinheiro oferecido voluntariamente pelo governo da Noruega). Vão ser 70 milhões de reais a entidades que cuidam de áreas de floresta no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins.É por um modelo semelhante ao Fundo Amazônia que os diplomatas brasileiros estão lutando na COP15.
Caso a polêmica se resolva e o REDD seja aprovado, o Brasil larga na frente. Entidades de pesquisa e proteção da floresta apontam o monitoramento por satélite, focado na Amazônia, como um exemplo para o mundo.
Postado por Gustavo Bonato, enviado especial, Copenhague às 07h00

Discussão na COP-15 divide países em desenvolvimento

As negociações da 15° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) foram suspensas hoje (9) por algumas horas a pedido da representação de Tuvalu – que exige um acordo legal que seja mais restritivo do que o Protocolo de Quioto. As informações são da BBC Brasil.
A iniciativa do pequeno país-ilha, um dos mais ameaçados pelo aumento do nível dos mares, levou a uma rara divisão no grupo G77 mais a China, que costuma negociar em bloco pelos países em desenvolvimento. O negociador-chefe da ilha, Ian Fry, afirmou que o país não vai aceitar nada menos do que a discussão de um novo protocolo legal mais rigoroso que o de Quioto.
"O meu primeiro-ministro e vários outros chefes de Estado têm a intenção clara de vir a Copenhague para assinar um acordo com validade legal”, afirmou Fry. “O nosso futuro depende desse encontro.”
A iniciativa teve o apoio de outros integrantes da Associação dos Pequenos Países-Ilha (Aosis, na sigla em inglês), que inclui as ilhas Cook, Barbados e Fiji, além de países pobres da África, como Serra Leoa, o Senegal e Cabo Verde.
Vários países do G77 apoiaram a proposta de Tuvalu, que visa a limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, e estabilizar as concentrações de gases que provocam o efeito estufa em 350 partes por milhão (ppm), em vez de 450 ppm, como querem os países industrializados e alguns em desenvolvimento, entre eles, o Brasil. Atualmente, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera gira em torno de 387 ppm.
Para os países emergentes, como o Brasil, a China, Índia e a África do Sul, o limite de 350 ppm não é bem aceito, porque pode se tornar uma barreira para o crescimento econômico.
Segundo Martin Kaiser, diretor de políticas internacionais do Greenpeace, a suspensão, mesmo que por poucas horas, exigida por Tuvalu, mostra que a questão de o acordo a sair de Copenhague ter ou não valor legal é uma das mais importantes.
"Para os países mais vulneráveis do mundo, é questão de sobrevivência. Só um acordo com valor legal pode dar a estes países a confiança de que o seu futuro está garantido”, disse Kaiser.
O secretário-executivo da conferência, Yvo de Boer, minimizou a suspensão. "Se houve uma suspensão, foi apenas para o almoço", disse.
Enquanto o bloco dos países em desenvolvimento parece apresentar rachaduras, a histórica desconfiança entre o grupo e os países industrializados não mostra sinais de redução.
Em entrevista coletiva da União Europeia, o negociador-chefe sueco, Anders Turesson, reclamou da ação da China, com apoio do G77, que estaria vetando a discussão de metas para os países desenvolvidos no grupo que negocia um acordo pós-Quioto.
Os chineses defendem que as metas dos países ricos sejam estabelecidas pelo grupo que negocia a expansão do Protocolo de Quioto, e não em um acordo separado.
O problema, para os europeus, é que os Estados Unidos não participam das discussões de Quioto, já que nunca ratificaram o tratado. “O processo está sendo usado erroneamente. Estamos sendo impedidos de negociar”, afirmou Turesson. O sueco deixou claro que a primeira opção da Europa é a criação de um único instrumento legal que aborde todos os países.
Para os europeus, a discussão sobre o formato está impedindo que as “verdadeiras questões” sejam discutidas – adaptação, mitigação e financiamento do combate às mudanças climáticas.
(Fonte: Luana Lourenço - Agência Brasil )

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SDS e Fatma representam o Estado em Conferência na Dinamarca

Dois servidores da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (Sílvio César dos Santos Rosa – Diretor de Saneamento e Meio Ambiente e Jatyr Fritsch Borges – Coordenador de Mudanças Climáticas) e dois da FATMA (Cristina Gerber João e Gilvani Voltolini, Secretária-Executiva do Fórum Catarinense de Mudanças Climáticas Globais e Diretor de Proteção dos Ecossistemas) estarão representando Santa Catarina na 15ª Conferência das Partes em Copenhague.

O evento da ONU que vai tratar das Mudanças Climáticas e do Aquecimento Global contará com a participação de mais de 190 países. Os técnicos irão acompanhar e debater questões ligadas à mitigação e adaptação nos grupos de trabalho que se instalarão no Bella Center, em Copenhague, Dinamarca, entre 7 e 18 de dezembro. A delegação brasileira espera que sejam estabelecidas novas metas de redução a partir de 2012, quando vence o Protocolo de Quioto e que se estabeleçam mecanismos de financiamento e transferência de tecnologias aos países em desenvolvimento, para enfrentarem os efeitos destas mudanças.

O Brasil deverá apresentar uma meta voluntária de reduzir as emissões entre 35 e 39 % até 2020 e o desmatamento da Amazônia em 80% no mesmo período. Santa Catarina promulgou sua Lei nº 14.829 em 11 de agosto de 2009, que institui a Política Estadual sobre Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável, onde estão previstos os Programas Catarinenses de: Mudanças Climáticas; Conservação Ambiental; Incentivo à Produção e à Utilização de Biocombustíveis; Monitoramento e Inventariamento Ambiental; Educação, Capacitação e Cooperação sobre Mudanças Climáticas; Estímulo ao Desenvolvimento de Energias Alternativas; e Incentivo a Redução do Consumo de Energia, com ênfase no desenvolvimento de tecnologias para energias tradicionais. Ademais criou o Fundo Catarinense de Mudanças Climáticas e os Selos Protetor do Clima e Protetor do Clima Gold, tudo em fase de regulamentação. Instalou seu Fórum de Mudanças Climáticas em 7 de outubro de 2009, onde a sociedade civil organizada está representada para prestar consultoria ao Estado quantos às Políticas, Planos, Programas e Ações necessárias.

Além disto, inicia a elaboração de seu Inventário de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, a partir do Decreto nº 2.429 de 2 de julho de 2009. Este inventário permitirá que o Estado avalie sua situação quanto às principais fontes de emissão e planeje ações de mitigação. Por fim, está licitando o Inventário das Emissões do próprio governo, que deverá estar concluído em breve.

Fonte: Jatyr Fritsch Borges

Discursos de abertura da COP 15 pedem por acordo

Autoridades recomendaram cooperação para a construção de um tratado climático e integrantes da campanha TicTacTicTac entregaram uma lista com 10 milhões de assinaturas pedindo "um acordo justo, legal e obrigatório"

Os apelos para o fechamento de um acordo ambicioso em Copenhague foram unanimidade nos discursos de abertura da Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP 15) nesta segunda-feira (07). “Espero que o espírito do C esteja no final deste evento. C de cooperação, construção, compromisso e consenso”, afirmou a ministra do clima da Dinamarca e presidente da COP-15, Connie Hedegaard.

Hedeggard destacou que a vontade política nunca será tão forte como agora e é preciso aproveitar este momento, pois demorará muito para chegarmos a este ponto novamente. “O tempo é curto, mas nos sabemos o que fazer. Nós temos uma tarefa e temos um tempo. Então teremos que fazer isso neste tempo”, comentou em entrevista coletiva realizada logo após a abertura do evento.

O secretário-executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, fez um apelo no nome das crianças e comparou a construção do acordo a um ‘bolo de natal’. A primeira camada seria de ações imediatas em implementar mitigação, adaptação, finanças, tecnologia, REDD (mecanismo de redução de emissões por desmatamento e Degradação) e construção de capacidade.

A segunda camada, consiste em compromissos ambiciosos de redução de emissões e também para começar investimentos na ordem de US$ 10 bilhões por ano assim como financiamentos a longo prazo. A terceira camada, que seria a cobertura do bolo, consiste em uma visão comum sobre ações a longo prazo para responder as mudanças climáticas. “E eu espero que o primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen coloque as velas neste bolo na próxima sexta-feira”, completou.

O primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, por sua vez, pediu um acordo ambicioso e forte aqui em Copenhague. “O mundo conta com vocês para atingir o que foi decidido em Bali”, disse. Durante a Conferência de Bali, em 2007, os países concordaram que o prazo final para fechar um acordo climático para após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso de Quioto, seria nesta edição de 2009.

O presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Rajendra Pachauri, destacou em seu discurso as conseqüências do aquecimento global caso não seja colocada em prática políticas de mitigação, como a possibilidade do gelo na Groelândia desaparecer, aumentando o nível dos oceanos em sete metros e a extinção de 20% a 30% das espécies se a temperatura subir mais de 2.5º C.

“Para limitar o aumento das emissões em 2oC a 2,4º C, o custo da mitigação em 2030 não passará de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) global. Em outras palavras, a tão chamada prosperidade esperada em 2030 seria postergada em alguns meses apenas. Além disso, a mitigação traz muitos co-beneficios, como o baixo nível de poluição atmosférica e benefícios associados para a saúde, maior segurança energética, mais empregos e produção agrícola estável”, disse Pachauri.

Após a cerimônia, De Boer e Hedgaard participaram de uma coletiva de imprensa durante a qual integrantes da campanha TicTacTicTac entregaram a lista com 10 milhões de assinaturas de pessoas pedindo “um acordo justo, legal e obrigatório”. Em um depoimento que incluiu lágrimas, uma das manifestantes pediu que parem as conversas e comece a ação. “Gostaria de agradecer todas a emoção que você mostrou, isto mostra que isto é sobre sobrevivência pessoas que estamos falando. Nos dê duas mais semanas de conversa e eu prometo que entregarei ação”, respondeu De Boer.\

07/12/2009 - Autor: Paula Scheidt, de Copenhague - Fonte: CarbonoBrasil

Copenhague tem início com 34 mil participantes

Confirmando a previsão de se tornar o evento climático mais importante das últimas décadas, a COP 15 registra recorde de participantes, porém, apesar desse grande interesse internacional, pelos corredores já se fala na impossibilidade de um acordo legalmente obrigatório

Ao desembarcar em Copenhague, na Dinamarca, os pôsteres de boas vindas aos participantes da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas são praticamente a primeira imagem nos corredores do aeroporto, assim como os painéis do Greenpeace e da Campanha TicTacTicTac com os líderes mundiais em 2020 pedindo desculpa por não terem feito nada para impedir as conseqüências do aquecimento global.

Representantes de quase 200 países estão aos poucos enchendo a cidade. Segundo a Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), as inscrições para participar do evento já passaram do dobro da capacidade do Bella Center, local onde será realizado. Foram 34 mil pedidos para estarem em um espaço capaz de abrigar até 15 mil. O credenciamento de jornalistas, por exemplo, teve que ser suspenso quando chegou ao número de 5 mil. E aqueles que não retiraram sua credencial no domingo, não poderão fazê-lo na segunda-feira até meio-dia.

Com este panorama já é possível ter uma idéia de como deverão ser as próximas duas semanas aqui. Durante uma coletiva de imprensa neste domingo (6), o secretário-executivo da UNFCCC, Yvo de Boer, disse que os diversos anúncios de compromissos feitos por vários países nos últimos dias criam um momento sem precedentes para alcançar um acordo ambicioso.

“Nunca em 17 anos as negociações climáticas tiveram tantas nações anunciando tantos compromissos firmes juntas. Apesar de haverem mais passos a serem dados para um futuro climático seguro, Copenhague já é um ponto de mudança na resposta internacional às mudanças climáticas”, afirmou.

Contudo, o clima gelado da cidade ficará ameno frente às quentes discussões que irão ocorrer nas próximas duas semanas por aqui. Apesar de ainda não haver muitos delegados pelos corredores do Bella Center, o que se ouve entre especialistas que vem cobrindo as reuniões do clima da ONU é que COP 15 não terminará com um ‘acordo legalmente obrigatório’, como é esperado, mas apenas com um documento de princípios políticos.

E, apesar da grande expectativa em torno da vinda dos líderes mundiais para o evento, eles podem se transformar na verdade em uma ‘distração’, já que não teriam a experiência técnica para negociar um acordo climático como negociadores que trabalham nisso há anos.

Para chegar a um acordo obrigatório e que alcance o que os cientistas dizem ser o limite seguro de aumento das temperaturas (corte de 40% das emissões de gases do efeito estufa em 2020) será preciso decidir onde será a ação (em qual parte do mundo, diga-se de passagem) e quem irá pagar por isso. Ou seja: ou os países ricos aumentam sua ambição nas metas que anunciaram até agora ou colocam dinheiro na mesa para os países em desenvolvimento fazerem algo além das metas voluntárias que divulgaram.

Outra informação que corre é que o governo dinamarquês estaria circulando entre negociadores um rascunho do acordo, com o que acha que deve ser o tratado a ser assinado por aqui. O maior grupo nas negociações, chamado G77/China (e formado por 130 países em desenvolvimento), também teria um documento similar.

Entre as dificuldades que devem vir pela frente estão justamente à possibilidade de os africanos travarem as negociações, como fizeram em Barcelona, enquanto os países ricos não forem mais ambiciosos nas metas.

E provavelmente não faltaram vozes pela cidade para lembrar as delegações disso, já que estão previstas diversas manifestações de movimentos da sociedade civil e ONGs nos próximos dias.

Imagens: Pôster da Campanha TicTacTicTac com o primeiro-ministro australiano Kevin Rudd pedindo desculpa por não ter feito nada para impedir as conseqüências do aquecimento global

A sala de imprensa pronta para acomodar os cinco mil jornalistas credenciados para a COP 15

Créditos: Paula Scheidt - Carbono Brasil